Filosofia

Filosofia
"amor à sabedoria"

Poema sobre amizade

Pode ser que um dia deixemos de nos falar...
Mas, enquanto houver amizade,
Faremos as pazes de novo.
Pode ser que um dia o tempo passe...
Mas, se a amizade permanecer,
Um de outro se há-de lembrar.
Pode ser que um dia nos afastemos...
Mas, se formos amigos de verdade,
A amizade nos reaproximará.
Pode ser que um dia não mais existamos...
Mas, se ainda sobrar amizade,
Nasceremos de novo, um para o outro.
Pode ser que um dia tudo acabe...
Mas, com a amizade construiremos tudo novamente,
Cada vez de forma diferente.
Sendo único e inesquecível cada momento
Que juntos viveremos e nos lembraremos para sempre.
Há duas formas para viver a sua vida:
Uma é acreditar que não existe milagre.
A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre.
Albert Einstein

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Patrística
A patrística procurou conciliar as verdades da revelação bíblica com as construções do pensamento próprias da filosofia grega. A maior parte de suas obras foi escrita em grego e latim, embora haja também muitos escritos doutrinários em aramaico e outras línguas orientais.
Patrística é o corpo doutrinário que se constituiu com a colaboração dos primeiros padres da igreja, veiculado em toda a literatura cristã produzida entre os séculos II e VIII, exceto o Novo Testamento.
Histórico. O conteúdo do Evangelho, no qual se apoiava a fé cristã nos primórdios do cristianismo, era um saber de salvação, revelado, não sustentado por uma filosofia. Na luta contra o paganismo greco-romano e contra as heresias surgidas entre os próprios cristãos, no entanto, os padres da igreja se viram compelidos a recorrer ao instrumento de seus adversários, ou seja, o pensamento racional, nos moldes da filosofia grega clássica, e por meio dele procuraram dar consistência lógica à doutrina cristã.
O cristianismo romano atribuía importância maior à fé; mas entre os padres da igreja oriental, cujo centro era a Grécia, o papel desempenhado pela razão filosófica era muito mais amplo e profundo. Os primeiros escritos patrísticos falavam de martírios, como A paixão de Perpétua e Felicidade, escrito em Cartago por volta de 202, durante o período em que sua autora, a nobre Perpétua, aguardava execução por se recusar a renegar a fé cristã. Nos séculos II e III surgiram muitos relatos apócrifos que romantizavam a vida de Cristo e os feitos dos apóstolos.
Em meados do século II, os cristãos passaram a escrever para justificar sua obediência ao Império Romano e combater as idéias gnósticas, que consideravam heréticas. Os principais autores desse período foram são Justino mártir, professor cristão condenado à morte em Roma por volta do ano 165; Taciano, inimigo da filosofia; Atenágoras; e Teófilo de Antioquia. Entre os gnósticos, destacaram-se Marcião, que rejeitava o judaísmo e considerava antitéticos o Antigo e o Novo Testamento.
No século III floresceram Orígenes, que elaborou o primeiro tratado coerente sobre as principais doutrinas da teologia cristã e escreveu Contra Celsum e Sobre os princípios; Clemente de Alexandria, que em sua Stromata expôs a tese segundo a qual a filosofia era boa porque consentida por Deus; e Tertuliano de Cartago. A partir do Concílio de Nicéia, realizado no ano 325, o cristianismo deixou de ser a crença de uma minoria perseguida para se transformar em religião oficial do Império Romano. Nesse período, o principal autor foi Eusébio de Cesaréia. Dentre os últimos padres gregos destacaram-se, no século IV, Gregório Nazianzeno, Gregório de Nissa e João Damasceno.
Os maiores nomes da patrística latina foram santo Ambrósio, são Jerônimo (tradutor da Bíblia para o latim) e santo Agostinho, este considerado o mais importante filósofo em toda a patrística. Além de sistematizar as doutrinas fundamentais do cristianismo, desenvolveu as teses que constituíram a base da filosofia cristã durante muitos séculos. Os principais temas que abordou foram as relações entre a fé e a razão, a natureza do conhecimento, o conceito de Deus e da criação do mundo, a questão do mal e a filosofia da história.
Escolástica
Com a Idade Média e as invasões bárbaras, a filosofia cristã centrou-se no ensino e na manutenção do legado clássico nas escolas monacais. A cultura, representada especialmente pelos livros, refugiou-se nos mosteiros e conventos, motivo pelo qual costuma-se dizer que a igreja, sobretudo pela ação de seus monges copistas, salvou a cultura e acabou por absorver os bárbaros da mesma maneira que Roma absorvera culturalmente a Grécia.
Entende-se em geral por escolástica o ensino teológico-filosófico da doutrina aristotélico-tomista ministrado nas escolas de conventos e catedrais e também nas universidades européias da Idade Média e do Renascimento. Como sistema filosófico e teológico, a escolástica tentou resolver, a partir do dogma religioso e mediante um método especulativo, problemas como a relação entre fé e razão, desejo e pensamento; a oposição entre realismo e nominalismo; e a probabilidade da existência de Deus.
A noção de filosofia cristã, embora constantemente empregada, a rigor representa uma contradição em termos, pois o cristianismo é religião e a filosofia é conhecimento racional. Historicamente, porém, a escolástica consiste nesse paradoxo de uma filosofia que é, ao mesmo tempo, racional e religiosa, motivo pelo qual seu problema mais grave é o das relações entre a razão e a fé. Que liberdade terá a razão, se o dogma limita a priori seus movimentos? Há, entretanto, um conteúdo filosófico na obra dos doutores da igreja e dos escolásticos levado em conta na história da filosofia. Esse conteúdo encontra sua última justificativa na doutrina da igreja. O pensamento devia demonstrar que a igreja, por seu método próprio, já havia estabelecido a Verdade.
Surgindo em um mundo cristão, seus pressupostos eram as crenças básicas em que o mundo então se fundamentava, radicalmente distintas das que configuravam o mundo antigo, greco-romano. Os problemas que se apresentavam à filosofia eram suscitados pela Revelação. A idéia de Deus, uno e trino ao mesmo tempo, da criação do mundo a partir do nada, da imortalidade pessoal, do homem à imagem e semelhança de Deus, a noção de história, implícita no relato bíblico, criação, pecado original, redenção e juízo final são idéias religiosas que provocavam especulação tipicamente metafísica ou filosófica.
Filosofia cristã. A filosofia dita cristã compreende a escolástica mas não se confunde com ela e apresenta três fases: a patrística; a medieval, que é escolástica; e a escolástica pós-medieval. A patrística é a filosofia dos primeiros doutores da igreja, que, em luta com o paganismo e as heresias, se utilizaram da filosofia grega, especialmente do platonismo e do neoplatonismo, na formulação, elucidação e defesa do dogma. No mundo moderno romano, até a conversão de Constantino, no século IV, os cristãos representavam a oposição, com a negação do status quo, do politeísmo tradicional e da escravidão. Perseguidos e martirizados, eram compelidos, no trabalho de catequese, a fazer do pensamento uma arma de defesa e propagação da fé. Embora contenha elementos filosóficos, a patrística é essencialmente apologética, sendo a primeira reflexão sobre o dogma em um mundo ainda não cristão.
Na Idade Média, a situação histórica se alterou radicalmente, pois o mundo no qual pensavam os cristãos era um mundo cristão, quer dizer, determinado pelo cristianismo na totalidade de suas manifestações. Havia uma crença vigente, ponto de referência para o pensamento e critério da verdade. As divergências ocorriam num mesmo contexto espiritual e não punham em dúvida o fundamento desse mundo, o conteúdo da revelação, o dogma. As exigências que se apresentavam aos filósofos cristãos já não eram as mesmas, pois o pressuposto de que partiam não era o paganismo, mas o próprio cristianismo. Tratava-se então de pensar em um mundo convertido, configurado em função das crenças e dos valores cristãos. A filosofia pôde, assim, deixar de ser apologética, para tornar-se docente, magistral ou escolástica.
Ensino cristão. Após o longo interregno que se seguiu à morte de santo Agostinho, no ano 430, o chamado renascimento carolíngio assinalou o advento de nova época na história do pensamento cristão. As capitulares do ano 787 recomendavam, em todo o império, a restauração das antigas escolas e a fundação de novas. As que então se inauguraram podiam ser monacais, junto aos mosteiros, interiores para religiosos, exteriores para leigos; as catedrais, junto à sede dos bispados, umas para clérigos e outras para seculares; e as palatinas, junto às cortes, religiosas, mas abertas a clérigos e leigos.
O programa de ensino compreendia as artes chamadas liberais, que se desdobravam em trivium (gramática, retórica e dialética) e quadrivium (aritmética, geometria, astronomia e música). A escola, assim como a corporação, era uma comunidade de trabalho, que funcionava em estreita colaboração com a igreja, o que lhe assegurava organização estável e continuidade de pensamento. A escolástica tornou-se, assim, um patrimônio comum, um saber tradicional, que se transmitia e enriquecia de geração em geração.
O ensino era, em geral, ministrado na forma de leitura, lectio, e comentário dos textos. Além das Sagradas Escrituras, entre os livros mais estudados estavam o Organon, de Aristóteles, traduzido em parte, o Timeu, de Platão, os comentários de Porfírio e Boécio às obras desses filósofos, as obras de Cícero e de Sêneca; e os textos dos Padres: Orígenes, Clemente de Alexandria, santo Ambrósio, Pedro Lombardo e, de modo especial, santo Agostinho, que, até o século XIII, dominou o pensamento medieval. À simples leitura comentada dos textos, acrescentou-se, com o tempo, a discussão, questio, e a elaboração de trabalhos e composições pessoais.
Tal modalidade de prática docente suscitou diversos gêneros literários, característicos da escolástica: os commentaria (comentários), exegese dos textos; as quaestiones (questões), que incluíam as quaestiones disputatae (questões discutidas) e as quaestiones quodlibetales (questões abertas), compilação de debates, registrando os argumentos apresentados e as soluções encontradas; os trabalhos individuais, dissertações e monografias, opuscula (opúsculos); e finalmente, as grandes sínteses, que procuravam sistematizar a totalidade do saber, as summae (sumas), teológicas e filosóficas, entre as quais devem ser mencionadas, por sua excepcional importância, a Summa Theologica e a Summa contra gentiles (Suma contra os pagãos), de santo Tomás de Aquino.
Evolução histórica. Às etapas da evolução da filosofia no interior do cristianismo correspondem, historicamente, as fases: de formação, do século IX ao XII; de apogeu, no século XIII; e decadência, do século XIV ao XVII, da filosofia escolástica. Da submissão à fé, representada esta pela igreja, instância heterônoma em face da razão e da posição de compromisso, a filosofia evoluiu, acompanhando a desintegração do feudalismo e o advento do mundo burguês, até alcançar, com Descartes e o idealismo alemão, sua plena autonomia.
A história da escolástica apresenta-se, assim, como a história da razão humana em determinado momento de sua evolução, exprimindo inicialmente a alienação, na sujeição ao dogma; em seguida, a consciência da alienação, na doutrina das duas verdades; e finalmente a negação da alienação (da negação), na ruptura definitiva entre razão e fé, e na afirmação de que o real, em sua totalidade, natureza e história, é racional.
A decadência da escolástica, a partir do século XIII, exacerbou seus caracteres formais. Desde que, com Guilherme de Ockham, as verdades da fé são consideradas inacessíveis à razão, a filosofia, que procura compreender e explicar essas verdades, converteu-se numa discussão de textos e temas que perderam vigência histórica. O ensino fez emprego abusivo do silogismo, no verbalismo das fórmulas abstratas. A complacência no debate e o dogmatismo levaram a que a palavra escolástica passasse a ter conotação pejorativa.
Escolástica
Com a Idade Média e as invasões bárbaras, a filosofia cristã centrou-se no ensino e na manutenção do legado clássico nas escolas monacais. A cultura, representada especialmente pelos livros, refugiou-se nos mosteiros e conventos, motivo pelo qual costuma-se dizer que a igreja, sobretudo pela ação de seus monges copistas, salvou a cultura e acabou por absorver os bárbaros da mesma maneira que Roma absorvera culturalmente a Grécia.
Entende-se em geral por escolástica o ensino teológico-filosófico da doutrina aristotélico-tomista ministrado nas escolas de conventos e catedrais e também nas universidades européias da Idade Média e do Renascimento. Como sistema filosófico e teológico, a escolástica tentou resolver, a partir do dogma religioso e mediante um método especulativo, problemas como a relação entre fé e razão, desejo e pensamento; a oposição entre realismo e nominalismo; e a probabilidade da existência de Deus.
A noção de filosofia cristã, embora constantemente empregada, a rigor representa uma contradição em termos, pois o cristianismo é religião e a filosofia é conhecimento racional. Historicamente, porém, a escolástica consiste nesse paradoxo de uma filosofia que é, ao mesmo tempo, racional e religiosa, motivo pelo qual seu problema mais grave é o das relações entre a razão e a fé. Que liberdade terá a razão, se o dogma limita a priori seus movimentos? Há, entretanto, um conteúdo filosófico na obra dos doutores da igreja e dos escolásticos levado em conta na história da filosofia. Esse conteúdo encontra sua última justificativa na doutrina da igreja. O pensamento devia demonstrar que a igreja, por seu método próprio, já havia estabelecido a Verdade.
Surgindo em um mundo cristão, seus pressupostos eram as crenças básicas em que o mundo então se fundamentava, radicalmente distintas das que configuravam o mundo antigo, greco-romano. Os problemas que se apresentavam à filosofia eram suscitados pela Revelação. A idéia de Deus, uno e trino ao mesmo tempo, da criação do mundo a partir do nada, da imortalidade pessoal, do homem à imagem e semelhança de Deus, a noção de história, implícita no relato bíblico, criação, pecado original, redenção e juízo final são idéias religiosas que provocavam especulação tipicamente metafísica ou filosófica.
Filosofia cristã. A filosofia dita cristã compreende a escolástica mas não se confunde com ela e apresenta três fases: a patrística; a medieval, que é escolástica; e a escolástica pós-medieval. A patrística é a filosofia dos primeiros doutores da igreja, que, em luta com o paganismo e as heresias, se utilizaram da filosofia grega, especialmente do platonismo e do neoplatonismo, na formulação, elucidação e defesa do dogma. No mundo moderno romano, até a conversão de Constantino, no século IV, os cristãos representavam a oposição, com a negação do status quo, do politeísmo tradicional e da escravidão. Perseguidos e martirizados, eram compelidos, no trabalho de catequese, a fazer do pensamento uma arma de defesa e propagação da fé. Embora contenha elementos filosóficos, a patrística é essencialmente apologética, sendo a primeira reflexão sobre o dogma em um mundo ainda não cristão.
Na Idade Média, a situação histórica se alterou radicalmente, pois o mundo no qual pensavam os cristãos era um mundo cristão, quer dizer, determinado pelo cristianismo na totalidade de suas manifestações. Havia uma crença vigente, ponto de referência para o pensamento e critério da verdade. As divergências ocorriam num mesmo contexto espiritual e não punham em dúvida o fundamento desse mundo, o conteúdo da revelação, o dogma. As exigências que se apresentavam aos filósofos cristãos já não eram as mesmas, pois o pressuposto de que partiam não era o paganismo, mas o próprio cristianismo. Tratava-se então de pensar em um mundo convertido, configurado em função das crenças e dos valores cristãos. A filosofia pôde, assim, deixar de ser apologética, para tornar-se docente, magistral ou escolástica.
Ensino cristão. Após o longo interregno que se seguiu à morte de santo Agostinho, no ano 430, o chamado renascimento carolíngio assinalou o advento de nova época na história do pensamento cristão. As capitulares do ano 787 recomendavam, em todo o império, a restauração das antigas escolas e a fundação de novas. As que então se inauguraram podiam ser monacais, junto aos mosteiros, interiores para religiosos, exteriores para leigos; as catedrais, junto à sede dos bispados, umas para clérigos e outras para seculares; e as palatinas, junto às cortes, religiosas, mas abertas a clérigos e leigos.
O programa de ensino compreendia as artes chamadas liberais, que se desdobravam em trivium (gramática, retórica e dialética) e quadrivium (aritmética, geometria, astronomia e música). A escola, assim como a corporação, era uma comunidade de trabalho, que funcionava em estreita colaboração com a igreja, o que lhe assegurava organização estável e continuidade de pensamento. A escolástica tornou-se, assim, um patrimônio comum, um saber tradicional, que se transmitia e enriquecia de geração em geração.
O ensino era, em geral, ministrado na forma de leitura, lectio, e comentário dos textos. Além das Sagradas Escrituras, entre os livros mais estudados estavam o Organon, de Aristóteles, traduzido em parte, o Timeu, de Platão, os comentários de Porfírio e Boécio às obras desses filósofos, as obras de Cícero e de Sêneca; e os textos dos Padres: Orígenes, Clemente de Alexandria, santo Ambrósio, Pedro Lombardo e, de modo especial, santo Agostinho, que, até o século XIII, dominou o pensamento medieval. À simples leitura comentada dos textos, acrescentou-se, com o tempo, a discussão, questio, e a elaboração de trabalhos e composições pessoais.
Tal modalidade de prática docente suscitou diversos gêneros literários, característicos da escolástica: os commentaria (comentários), exegese dos textos; as quaestiones (questões), que incluíam as quaestiones disputatae (questões discutidas) e as quaestiones quodlibetales (questões abertas), compilação de debates, registrando os argumentos apresentados e as soluções encontradas; os trabalhos individuais, dissertações e monografias, opuscula (opúsculos); e finalmente, as grandes sínteses, que procuravam sistematizar a totalidade do saber, as summae (sumas), teológicas e filosóficas, entre as quais devem ser mencionadas, por sua excepcional importância, a Summa Theologica e a Summa contra gentiles (Suma contra os pagãos), de santo Tomás de Aquino.
Evolução histórica. Às etapas da evolução da filosofia no interior do cristianismo correspondem, historicamente, as fases: de formação, do século IX ao XII; de apogeu, no século XIII; e decadência, do século XIV ao XVII, da filosofia escolástica. Da submissão à fé, representada esta pela igreja, instância heterônoma em face da razão e da posição de compromisso, a filosofia evoluiu, acompanhando a desintegração do feudalismo e o advento do mundo burguês, até alcançar, com Descartes e o idealismo alemão, sua plena autonomia.
A história da escolástica apresenta-se, assim, como a história da razão humana em determinado momento de sua evolução, exprimindo inicialmente a alienação, na sujeição ao dogma; em seguida, a consciência da alienação, na doutrina das duas verdades; e finalmente a negação da alienação (da negação), na ruptura definitiva entre razão e fé, e na afirmação de que o real, em sua totalidade, natureza e história, é racional.
A decadência da escolástica, a partir do século XIII, exacerbou seus caracteres formais. Desde que, com Guilherme de Ockham, as verdades da fé são consideradas inacessíveis à razão, a filosofia, que procura compreender e explicar essas verdades, converteu-se numa discussão de textos e temas que perderam vigência histórica. O ensino fez emprego abusivo do silogismo, no verbalismo das fórmulas abstratas. A complacência no debate e o dogmatismo levaram a que a palavra escolástica passasse a ter conotação pejorativa.
Referencias:

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Vida Equilibrada e Produtiva na Universidade: Onde Começar?

Carluci Ferreira dos Santos[1]

A universidade apresenta desafios e perspectivas novas a todo estudante. Ela é um mundo novo para o jovem estudante. Muitos chegam aqui ainda adolescentes. Esta breve passagem pela universidade é um momento de transição e possíveis rupturas. Muitos chegamos à universidade em crise. É a primeira vez que saímos de casa, do grupo de amigos, da comunhão da igreja local. Mal saímos da adolescência, e já fizemos uma opção acadêmica e profissional que nos afetará durante toda a vida adulta; e ainda faremos muitas outras escolhas importantes. O estudante na obra evangelizadora e discipuladora estudantil terá ainda mais tensões e desafios. Como desenvolver uma vida equilibrada e produtiva neste contexto? Pôr onde começar? Neste artigo proponho que uma vida produtiva e equilibrada se constrói a partir de um pensar com a mente de Cristo em todas as esferas da vida; e se estabelece em relacionamentos vitais e sadios. Combate-se o bom combate de Cristo firmados na fé e com boa consciência, do contrário, naufragamos (1 Tim. 4:18,19). Nossa produtividade e equilíbrio começam com o desenvolvimento de uma cosmovisão bíblica. É necessário aprender a pensar a vida, nosso relacionamento e nossa atuação na experiência universitária com a mente de Cristo. O Peregrino nos ensina que em qualquer lugar onde nos encontramos podemos erguer um altar a Deus através de nosso pensamento (O Peregrino Russo, SP: Edições Paulinas, 1986, p.95.)
A relação do estudante com a universidade e sua formação profissionalA universidade tem uma cosmovisão própria. Sou capaz de discerni-la? Como posso discernir a influência da universidade na minha formação? Sou ensinado a prestar contas a alguém? No trabalho acadêmico nem sempre se tem a consciência de que somos criaturas finitas vivendo em um universo onde há um Deus Soberano. Qual a base moral do ensino que recebemos ali? Entre os elementos que predominam no campus podemos destacar, a competitividade (desde a preparação para o vestibular), e nos vários concursos que se seguem. O saber é centrado na busca da autonomia do ser humano; é uma visão puramente antropocêntrica onde cada um é o seu próprio ‘deus’; e define sua própria ética e moralidade. Terceiro, há ainda um distanciamento entre o saber acadêmico e as necessidades primárias da sociedade. Pôr exemplo, em se fazendo uma especialização, priorizo o bem maior ou procuro uma oportunidade de ter lucros maiores? Como a universidade participa e se preocupa com as questões sociais sejam locais, ou de âmbito nacional? Quais são seus projetos? Questione-a. Proponha novos caminhos. Participe. Infelizmente, a busca do prazer e da folia caracteriza a filosofia de atuação de DA’s, e suas manifestações de prazer irresponsável, improdutivo e inconseqüente. Alguns estudantes me perguntam se deve ou não ir a um barzinho ou a uma festa na casa de colegas de faculdade. O estar ali não consiste um problema em si, mas se estou ou não testemunhando de minha fé em Cristo. A sabedoria dos pais do deserto nos ensina que o espírito humano não se contenta com o que satisfaz os sentidos. Quanto menos ele consegue alcançar a felicidade, mais a persegue. Na mobilização estudantil do campus raramente há produção artística, acadêmica ou qualquer acréscimo à vida. O processo político é mais caracterizado pela manipulação do que pelos valores democráticos sobre os quais discursam. Qual a nossa proposta para o campus? Para a comunidade estudantil?
É preciso encarar a universidade como uma oportunidade de treinamento para o serviço no Reino de Deus; definir e pautar a carreira profissional a partir de uma ética cristã. Este serviço cristão pode tomar diversas formas e não significa necessariamente que você se filiará a uma missão local ou transcultural. É antes de tudo uma forma de ver a vida em Cristo, onde Deus o colocar, seja em uma instituição pública (municipal, estadual, federal), privada ou de natureza eclesiástica; ou trabalhando como autônomo. Uma cosmovisão bíblica implica em quebrar a dicotomia entre o ‘sagrado’ e o ‘secular’. Servimos a Deus não somente na adoração nos momentos de culto mas também na carreira de docente e na escolha de uma linha pedagógica, na escolha de uma especialização médica, nos cálculos da engenharia, nas definições de políticas econômicas, nas decisões nos tribunais ou no fórum político.
Nós temos a mente de Cristo (1 Cor. 2:16); e, portanto, somos exortados à não conformação com este mundo pela transformação de nossa mente (Rom. 12:2). Henri Nowen, um sacerdote e teólogo contemporâneo, nos alerta que sem uma sólida mente cristã, profissionais cristãos seremos pseudoprofissionais, e incapazes de discernir a ação de Deus na nossa história no seu dia a dia. O dia a dia na universidade nos sensibiliza ou não aceitar o caminho do poder, da arrogância, da auto-suficiência ou o caminho da cruz ? (Henri J. M. Nowen, O Perfil do Líder Cristão no Século XXI. Americana: Worship Produções, p.70).
Os servos de Deus vivem neste mundo mas não são deste mundo; este mundo é o mundo da Criação de Deus. Reconhecemos que Ele é Senhor Soberano sobre tudo e sobre todos os seres vivos; Ele sustenta o universo, seja na dimensão do macro-cosmos ou do microcosmos. Ele é a fonte de toda vida. Qual minha motivação para estar na universidade? Como o meu projeto de vida está em sintonia com o projeto de Deus para sua Criação e seu plano para redimi-la? Como minhas decisões perpetuam as obras das trevas ou são como luz que dissipa as trevas? Se estou na universidade, com que motivação cheguei até aqui? Com que ambições vou encarar o mercado de trabalho?
O testemunho cristão no campusAo chegar ao campus esteja em oração. Esteja certo que Deus o levou ali. Use sua criatividade e descubra outros companheiros cristãos. Organize-se. Seja líder! Vamos inundar a universidade com células de oração, grupos de estudos bíblicos, as palestras de cunho pré-evangelístico, os programas de recepção de calouros, campanhas de evangelização, grupos de teatro, música, projetos sociais e comunitários, cultos de formatura. Tenho visto que muitas pessoas, incluindo familiares, amigos e parentes de formandos ouviram o evangelho pela primeira em um culto de formatura organizado pôr algum colega cristão entre os formandos. Busque o apoio de outros que já estão engajados ou que já passaram pôr este ministério. Não seja indiferente às iniciativas estudantis no seu campus. A nossa vida só tem sentido quando a vivemos em obediência a Cristo. Na universidade estamos preparando para melhor serví-lo em missão. Seja presente de uma forma criativa, equilibrada, mas antes de tudo, seja um líder, pescador de homens! Leia, estude, avalie e descubra a melhor forma de agir e influenciar seus colegas e professores. O Espírito Santo irá guiá-lo quando você pedir-lhe socorro!

A relação do estudante com sua família
Certamente, sair de casa para estudar é uma experiência rica para todo estudante. Na verdade, a grande maioria ainda é financeiramente dependente da família. Entretanto, como parte natural de meu amadurecimento eu passo a ver a família de uma forma diferente, sua alegria e sua dor. Eu começo a ganhar perspectiva na vida familiar. Mas a convivência no ambiente da universidade pode afetar positiva ou negativamente minha forma de ver a família. Como me relaciono com minha família a partir de minha vida na universidade? Como passo a ver meus pais, meus irmãos? A vida na universidade está me aproximando deles de uma forma madura, sadia e carinhosa ou me distancia dos valores básicos da família? É importante reconhecer nossa individualidade sem desonrar nossos pais e irmãos. Pais cristãos sadios (pareceria que ser cristão é necessariamente ser sadio) nos afirmarão e nos ajudarão a descobrir os propósitos de Deus para nossas vidas. Eles são os nossos primeiros amigos; são aqueles que mais investiram em nossas vidas. Não podemos ignorá-los ao tomar nossas decisões mais importantes. Henri Nowen fala também sobre a árdua tarefa do líder cristão do próximo século de responder aos conflitos familiares (Nowen, p.71). É preciso dizer não ao fatalismo, à derrota, à casualidade ou eventualidade que querem nos dizer que a família está falida! Não! A família, a igreja, o círculo de amigos é o lugar para aprender e desenvolver a intimidade libertadora de Jesus.

A relação do estudante com a igreja local
É fundamental estar ligado a uma igreja evangélica local. A igreja local é parte do grande corpo de Cristo, invisível, indivisível! É tempo de ganhar perspectiva na cultura religiosa de minha igreja local e aprender a servi-la e não procurá-la para servir-se de suas preferências, suas cores, sua teologia e seus ritmos. Nossa presença na igreja local deve ser marcada pela atitude de serviço e não crítica desencarnada. “A maior parte da liderança cristã é exercida pôr pessoas que não sabem desenvolver relacionamentos sadios e íntimos, e pôr isso fazem opção pelo poder e pelo domínio” (Nowen, p. 64) Como estou planejando servir ao Senhor na igreja local? Como estou me relacionando com ela? Qual é a minha atitude: arrogância ou serviço? Declaro autonomia e auto-suficiência ou com genuína humildade compartilho o alegre sentimento de ser corpo?

O cuidado com a vida pessoal: relacionando-se consigo mesmo
Para concluir, é fundamental que tenhamos objetivos claros nos vários aspectos de nossa vida no campus: para a vida acadêmica e social, para o grupo bíblico, a vida familiar, bem como a vida na igreja. E pôr último, cuida de ti mesmo e da sã doutrina (1 Tim. 4:16). Richard Foster, no clássico “Celebração da Disciplina: O Caminho do Crescimento Espiritual” (SP: Editoria Vida, 1995) propõe a disciplina espiritual como porta para nosso livramento. Esta é outra leitura indispensável! Pratica-se a espiritualidade no cultivo de amizades e lazer sadios, na prática da oração e do estudo da palavra, na leitura e reflexão teológica bem como no cultivo das virtudes cristãs. Disciplina espiritual é ainda manter a palavra quando empenhá-la em algo, ser honesto no cumprimento das tarefas; ter uma atitude correta para com o meu corpo e minha sexualidade; ter uma atitude crítica diante de minha cultura e saber identificar nela seja a beleza da graça comum ou a inimizade e rebeldia contra Deus.
Orai sem cessar (1 Tes. 5:17). A oração deve ser presente em tudo o que fizermos. Em O Peregrino Russo, O professor perguntou ao monge se o trabalho acadêmico, profissional é compatível com a vida de oração. É comum pensar que a vida de oração é mais aconselhada para aqueles que tem condições exteriores favoráveis, que se afastam dos negócios, das preocupações e inevitáveis distrações do dia a dia. O monge assim lhe respondeu,

“suponhamos que um monarca severo e exigente vos ordene escrever um tratado a respeito de um assunto abstrato, em sua presença, diante de seu trono. Embora possais estar todo entregue a vosso trabalho, a presença do rei, que exerce poderio sobre vós e que tem a vossa vida entre as mãos, não vos deixará esquecer um só instante que pensais, refletis e escreveis não na solidão, mas num local que exige de vós uma atenção e um respeito particulares. Essa consciência da proximidade do rei exprime muito claramente ser possível aplicar-se à oração interior permanente, até mesmo durante um trabalho intelectual.” (O Peregrino Russo, p.97.)

A minha prática cristã, seja através do hábito de leitura bíblica, oração, freqüência à igreja, comunhão com os irmãos tem trazido crescimento e maior comunhão com Deus? Sou mais semelhante a Cristo? Tenho prazer em desviar-me do mal?

Devemos nos perguntar quais são algumas áreas de nossa vida onde devemos priorizar algo para encontrar um equilíbrio interior e exterior. Uma pergunta mais fundamental, entretanto, é “Onde está o meu coração?” Certamente, onde estiver o meu tesouro, aí também estará o meu coração (Mat. 6:21). Deus nos deu a mente de Cristo; Ele nos deu também o dom do Espírito Santo. Que outros tesouros vamos buscar? Ouçamos a contínua voz do Senhor que nos pede, “Filho meu, dá-me o teu coração!” Ele nos escolheu para despertarmos os outros da morte para a vida!

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[1] obreiro da Aliança Bíblica Universitária do Brasil.