Filosofia

Filosofia
"amor à sabedoria"

Poema sobre amizade

Pode ser que um dia deixemos de nos falar...
Mas, enquanto houver amizade,
Faremos as pazes de novo.
Pode ser que um dia o tempo passe...
Mas, se a amizade permanecer,
Um de outro se há-de lembrar.
Pode ser que um dia nos afastemos...
Mas, se formos amigos de verdade,
A amizade nos reaproximará.
Pode ser que um dia não mais existamos...
Mas, se ainda sobrar amizade,
Nasceremos de novo, um para o outro.
Pode ser que um dia tudo acabe...
Mas, com a amizade construiremos tudo novamente,
Cada vez de forma diferente.
Sendo único e inesquecível cada momento
Que juntos viveremos e nos lembraremos para sempre.
Há duas formas para viver a sua vida:
Uma é acreditar que não existe milagre.
A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre.
Albert Einstein

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Senso Comum e Conhecimento Científico

Vimos que o mito e a filosofia foram formas que o homem encontrou para enfocar, compreender e conhecer sua realidade. Isso ocorria à medida que ele procurava suprir suas necessidades, pois não há conhecimento que se realize fora da relação do homem com o mundo.
Sendo assim, qualquer tipo de conhecimento que o homem possui não é neutro ou desinteressado, mas construído sob uma perspectiva social, política e cultural e, portanto, histórica, ou seja, à medida que o homem se relaciona com os outros homens, ele adquire e constrói entendimentos sobre a realidade que o cerca. Neste processo de construção, o conhecimento que é produto de uma prática que se faz social e historicamente situada pode ser espontâneo ou de senso comum, cientifico e também filosófico.

Senso Comum

No seu dia-a-dia, o homem adquire espontaneamente um modo de entender e atuar sobre a realidade. Algumas pessoas, por exemplo, não passam por baixo de escadas, porque acreditam que dá azar; se quebrarem um espelho, sete anos de azar. Algumas confeiteiras sabem que o forno não pode ser aberto enquanto o bolo está assando, senão ele “embatuma”, sabem também que a determinados pratos, feitos em banho-maria, devem acrescentar uma gotas de vinagre ou de limão, para que a vasilha de alumínio não fique escura. Como aprenderam essas informações? Elas foram sendo passadas de geração a geração. Elas não só foram assimiladas, mas também transformadas, contribuindo assim para a compreensão da realidade.
Assim, se o conhecimento é produto de uma pratica que se faz social e historicamente, todas as explicações para a vida, para as regras de comportamento social, para o trabalho, para os fenômenos da natureza, etc. passam a fazer parte das explicações para tudo o que observamos e experimentamos. Todos estes elementos são assimilados ou transformados de forma espontânea. Por isso, raramente há questionamentos sobre outras possibilidades de explicações para a realidade. Acostumamo-nos a uma determinada compreensão de mundo e não mais questionamos: tornamo-nos “conformistas de algum conformismo”.
São inúmeros os exemplos presentes na vida social, construídos pelo “ouvi dizer”, que formam uma visão de mundo fragmentada e assistemática. Mesmo assim, é uma forma usada pelo homem para tentar resolver seus problemas da vida cotidiana. Isso tudo é denominado de senso comum ou conhecimento espontâneo.
Portanto, podemos dizer que o senso comum é o conhecimento acumulado pelos homens, de forma empírica, porque se baseia apenas na experiência cotidiana, sem se preocupar com o rigor que a experiência cientifica exige e sem questionar os problemas colocados justamente pelo cotidiano. Portanto, é também um saber ingênuo, uma vez que não possui uma postura crítica.
“Em geral, as pessoas percebem que existe uma diferença entre o conhecimento do homem do povo, às vezes até cheio de experiências, mas que não estudou, e o conhecimento daquele que estudou determinado assunto. E a diferença é que o conhecimento do homem do povo foi adquirido espontaneamente, sem muita preocupação com método, com critica ou com sistematização. Ao passo que o conhecimento daquele que estudou algo foi obtido com esforço, usando um método, uma critica mais pensada e uma organização mais elaborada dos conhecimentos”.
Lara, Tiago Adão. Caminhos da razão no ocidente: a filosofia ocidental, do renascimento aos nossos dias. 5 ed. Petrópolis: Vozes, 1993.
Porém, é importante destacar que o senso comum é uma forma válida de conhecimento, pois o homem precisa dele para encaminhar, resolver ou superar suas necessidades do dia-a-dia. Os pais, por exemplo, educam seus filhos mesmo não sendo psicólogos ou pedagogos, e nem sempre os filhos dos psicólogos e pedagogos são mais bem educados.
O senso comum é ainda subjetivo ao permitir a expressão de sentimentos, opiniões e de valores pessoais quando observamos as coisas à nossa volta. Por exemplo:
a. se uma determinada pessoa não nos agrada, mesmo que ela tenha um grande valor profissional, torna-se difícil reconhecer este valor. Neste caso, a antipatia por esta determinada pessoa nos impede de reconhecer a sua capacidade;
b. Os hindus consideram a vaca um animal sagrado, enquanto nós, ocidentais, concebemos este animal apenas como um fornecedor de carne, leite, etc. Por essa razão os consideramos ignorantes e ridículos,pois tendemos a julgar os povos que possuem uma cultura diferente da nossa a partir do nosso entendimento valorativo.
Levando-se em conta a reflexão feita até aqui, podemos considerar o senso comum como sendo uma visão de mundo precária e fragmentada. Mesmo possuindo o seu valor enquanto processo de construção do conhecimento, ele deve ser superado por um conhecimento que o incorpore, que se estenda a uma concepção critica e coerente, e que possibilite, até mesmo, o acesso a um saber mais elaborado, como a ciência e a filosofia.

Conhecimento científico


Na unidade anterior, estudamos que a preocupação dos pensadores da Antiguidade Grega era buscar, por meio do uso da razão, a superação do mito ou do saber comum. O avanço na produção do conhecimento conseguido por esses pensadores foi estabelecer vinculo entre ciência e filosofia, que perdurou até o inicio da Idade Moderna. A partir daí, as relações dos homens tornaram-se mais complexas, bem como toda a forma de produzir sua sobrevivência. Gradativamente, houve um avanço técnico e cientifico, como a utilização da pólvora, a invenção da imprensa, a Física de Newton, a Astronomia de Galileu, etc.
Foi no inicio do século XVII, quando o mundo europeu passava por profundas transformações, que o homem se tornou o centro da natureza (antropocentrismo). Acompanhando o movimento histórico, ele mudou toda a estrutura do pensamento e rompeu com as concepções de Aristóteles, ainda vigentes e defendidas pela igreja, segundo as quais tudo era hierarquizado e imóvel, desde as instituições até o planeta terra. O homem passou então, a ver a natureza como objeto de sua ação e de seu conhecimento, podendo nela interferir. Portanto, podia formular hipóteses e experimentá-las para verificar a sua veracidade, superando assim as explicações metafísicas e teológicas que até então predominavam. O mundo imóvel foi substituído por um universo aberto e infinito, ligado a uma unidade de leis. Era o nascimento da ciência enquanto um objeto específico de investigação, com um método próprio para controle de produção do conhecimento. Assim sendo, ciência e filosofia se separam.
Portanto, podemos afirmar que o conhecimento científico é uma conquista recente da humanidade, pois tem apenas trezentos anos. Ele transformou-se numa pratica constante, procurando afastar crenças supersticiosas e ignorâncias, por meio de métodos rigorosos, para produzir um conhecimento sistemático, preciso e objetivo que garanta prever acontecimentos e agir de forma mais segura.
Sendo assim o que diferencia o senso comum do conhecimento cientifico é o rigor. Enquanto o senso comum é acrítico, fragmentado, preso a preconceitos e a tradições conservadoras, a ciência preocupa-se com as pesquisas sistemáticas que produzam teorias que revelem a verdade sobre a realidade, uma vez que a ciência produz o conhecimento a partir da razão.
“Assim, são tarefas básicas para se construir ciência:
definir os termos com precisão, para não deixar margem à ambigüidade: cada conceito deve ter um conteúdo especifico e delimitado; não pode variar durante a analise(...);
descrever e explicar com transparência, não incorrendo em complicações, ou seja, em linguagem hermética, dura, ininteligível(...);
distinguir com rigor facetas diversas, não emaranhar termos, clarear suposições possíveis, fugir à mistura de planos da realidade, não cair em confusão(...);
procurar classificações nítidas, bem sistemáticas de tal sorte que o objeto apareça recortado sem perder muito de sua riqueza;
impor certa ordem no tratamento do tema, de tal modo que seja claro o começo ou o ponto de partida(...)”

Demo, Pedro. Introdução à metodologia da ciência. São Paulo: Atlas, 1995. p. 35.

Desta forma, o cientista, para realizar uma pesquisa e torná-la cientifica, deve seguir determinados passos. Em primeiro lugar, o pesquisador deve estar motivado a resolver uma determinada situação-problema que, normalmente, é seguida por algumas hipóteses. Usando sua criatividade, o pesquisador deve observar os fatos, coletar os dados e então testar suas hipóteses que poderão se transformar em leis e posteriormente em teorias que possam explicar e prever fenômenos.
Porem é fundamental registrar que a ciência não é somente acumulação de verdades prontas e acabadas. Nesse caso, estaríamos refletindo sobre cientificismo e não ciência, mas tê-la como um campo sempre aberto às novas concepções e contestações sem perder de vista os dados, o rigor e a coerência e aceitando, inclusive, no dizer de Karl Popper, que “o que prova que uma teoria é cientifica é o fato de ela ser falível e aceitar ser refutada”.
A ciência é, e continua a ser, uma aventura. A verdade da ciência não está unicamente na capitalização das verdades adquiridas, na verificação das teorias conhecidas, mas no caráter aberto da aventura que permite, melhor dizendo, que hoje exige a contestação das suas próprias estruturas de pensamento. Bronovski dizia que o conceito da ciência não é nem absoluto nem eterno. Talvez estejamos num momento critico em que o próprio conceito de ciência se esteja modificando.

Morin, Edgar. Ciência com Consciência. Rio de Janeio: Bertrhand Brasil, 1996. p.16

Atividades

  1. Explique a diferença entre senso comum e conhecimento científico.
  2. Qual a importância do senso comum e do conhecimento científico para a vida do homem?
  3. Pergunte a pelo menos, dois profissionais que trabalham com produção cientifica qual o seu conceito de ciência. Explique o significado de cada conceito a partir das reflexões realizadas em sala de aula.

Conhecimento -O tema "conhecimento" inclui, mas não está limitado, as descrições, hipóteses, conceitos, teorias, princípios e procedimentos que são ou úteis ou verdadeiros. O estudo do conhecimento é a epistemologia. Hoje existem vários conceitos para esta palavra e é sabido por todos que conhecimento é aquilo que se conhece de algo ou alguém. Isso em um conceito menos específico.
Podemos conceituar conhecimento da seguinte maneira: conhecimento é aquilo que se admite a partir da captação sensitiva sendo assim acumulável a mente humana. Ou seja, é aquilo que o homem absorve de alguma maneira, através de informações que de alguma forma lhe são apresentadas, para um determinado fim ou não. O conhecimento distingue-se da mera informaçao porque está associado a uma intencionalidade. Tanto o conhecimento como a informação consistem de declarações verdadeiras, mas o conhecimento pode ser considerado informação com um propósito
A definição clássica de conhecimento, originada em Platão diz que ele consiste de crença verdadeira e justificada.

Aristoteles divide o conhecimento em três áreas:Cientifica. Pratica e Tecnica.
Além dos conceitos aristotélico e platônico, o conhecimento pode ser classificado em uma série de designações/categorias:

Conhecimento Sensorial: É o conhecimento comum entre seres humanos e animais. Obtido a partir de nossas experiências sensitivas e fisiológicas (tato, visão, olfato, audição e paladar).
Conhecimento Intelectual: Esta categoria é exclusiva ao ser humano; trata-se de um raciocínio mais elaborado do que a mera comunicação entre corpo e ambiente. Aqui já pressupõe-se um pensamento, uma lógica.
Conhecimento Empírico/Vulgar/Popular: É a forma de conhecimento do tradicional (hereditário), da cultura, do senso comum, sem compromisso com uma apuração ou análise metodológica. Não pressupõe reflexão, é uma forma de apreensão passiva, acrítica e que, além de subjetiva, é superficial.


Conhecimento Científico: Preza pela apuração e constatação. Busca por leis e sistemas, no intuito de explicar de modo racional aquilo que se está observando. Não se contenta com explicações sem provas concretas; seus alicerces estão na metodologia e na racionalidade. Análises são fundamentais no processo de construção e síntese que o permeia, isso, aliado às suas demais características, faz do conhecimento científico quase uma antítese do empírico.

Conhecimento Filosófico: Mais ligado à construção de idéias e conceitos. Busca as verdades do mundo por meio da indagação e do debate; do filosofar. Portanto, de certo modo assemelha-se ao conhecimento científico - por valer-se de uma metodologia experimental -, mas dele distancia-se por tratar de questões imensuráveis, metafísicas. A partir da razão do homem, o conhecimento filosófico prioriza seu olhar sobre a condição humana.

Conhecimento Teológico: Conhecimento adquirido a partir da fé teológica, é fruto da revelação da divindade. A finalidade do Teólogo é provar a existência de Deus e que os textos Bíblicos foram escritos mediante inspiração Divina, devendo por isso ser realmente aceitos como verdades absolutas e incontestáveis. A fé não é cega baseia-se em experiências espirituais, históricas, arqueológicas e coletivas que lhes dá sustentação.

Conhecimento Intuitivo: Inato ao ser humano, o conhecimento intuitivo diz respeito à subjetividade. Às nossas percepções do mundo exterior e à racionalidade humana. Manifesta-se de maneira concreta quando, por exemplo, tem-se uma *epifania.

Leitura Complementar

Texto 1. Conhecimento cientifico para Auguste Comte

Pra Comte o conhecimento cientifico é baseado na observação dos fatos e nas relações entre fatos que são estabelecidos pelo raciocínio. Estas relações excluem tentativas de descobrir a origem, ou uma causa subjacente aos fenômenos, e são, na verdade, a descrição das leis que os regem. Comte afirma: Nossas pesquisas positivas devem essencialmente reduzir-se, em todos os gêneros, à apreciação sistemática daquilo que é, renunciando a descobrir sua primeira origem e seu destino final”.(...) (Discurso sobre o espírito positivo, 1º. Parte. III)
O Conhecimento cientifico positivo, que estabelece as leis que regem os fenômenos de forma refletir o modo como tais leis operam na natureza, tem para Comte ainda, duas características: é um conhecimento sempre certo, não se admitindo conjeturas, e é um conhecimento que sempre tem algum grau de precisão(...). Assim, Comte reforça a noção de que o conhecimento cientifico é um conhecimento que não admite duvidas e indeterminações e desvincula-se de todo conhecimento especulativo.
“Se, conforme a explicação precedente, as diversas ciências devem necessariamente apresentar uma precisão muito desigual, não resulta daí, de modo algum, sua certeza. Cada uma pode oferece resultados tão certos como qualquer outra, desde que saiba encerrar suas conclusões no grau de precisão que os fenômenos correspondentes comportam, condição nem sempre fácil de cumprir. Numa ciência qualquer, tudo o que é simplesmente conjectural é apenas mais ou menos provável, não está aí seu domínio essencial: tudo o que é positivo, isto é, fundado em fatos bem constatados, é certo – não há distinção a esse respeito. (Curso de Filosofia Positiva 2º. Lição XI)

Leia atentamente o texto e responda

A partir das discussões realizadas em sala e dos elementos apresentados no texto, explique a seguinte afirmação: O conhecimento científico é sempre certo e não admite duvidas.

Você concorda a com a afirmação acima? Explique o seu posicionamento.


Texto 2 . Ciência e Vida

O termo ciência vem do latim, scientia de sciens, conhecimento, sabedoria. É um corpo de doutrina organizado metodicamente, que constitui uma área do saber e é relativo a determinado objeto.
O que caracteriza cada ciência é seu objeto formal, ou seja, a coisa observada, porem o desdobramento dos objetos do saber cientifico caminhou progressivamente para a especialização das ciências (ato que marcou sobremaneira o século XIX com o advento da técnica e da industrialização). Isto culminaria na perda da visão totalitária do ser e na sua conseqüente fragmentação.
Para Morin(1982 pp. 25-33), o saber cientifico necessita de objetividade, na busca da verdade, e também deve possuir método próprio, responsável pelo cumprimento de um plano para observação e a verificação de qualquer matéria. Entretanto esse caráter objetivo da ciência, que corresponde aos dados variáveis coletados, traz consigo uma gama irrestrita de pensamentos, teorias e paradigmas que nos remete para a reflexão bioantropológica do conhecimento, bem como para a reflexão das teorias nos aspectos culturais, sociais e históricos. Não se pode perder de vista que o cientista investiga as ciências é um ser humano falível e é preciso que as ciências se questionem acerca de suas estruturas ideológicas.
Nesse contexto, a questão “o que é ciência?” ainda não conta com uma resposta cientifica, considerando que todas as ciências, incluindo as físicas e biológicas, são também sociais. Portanto, têm origem, enraizamento e componente biofísico, o que seu campo de estudo procura renegar, na tentativa de expressar, por meio de sua especialização, a estrutura do pensamento linear do conhecimento cientifico, ou seja, a ciência, com suas teorias e metodologias “salvadoras”, não dispõe de habilidade e refletir-se para o conhecimento.
Dessa forma, não é cientifico tentar definir as fronteiras da ciência. Não é cientifico porque não é seguro e qualquer pretensão em fazê-lo tornar-se-ia irresponsável.
Petraglia, Isabel Cristina; Edgar Morin: a educação e a complexidade do ser e do saber. Petrópolis: Vozes 1995, p. 42-44.

Leia Atentamente o texto e responda

Considerando as reflexões sobre a primeira leitura complementar e os elementos contidos em Ciência e Vida, explique por que a questão “o que é ciência” ainda não conta com urma resposta cientifica.

Bibliografia: Apostila Positivo

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